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Alagacone Sri Ranga: o toque do outro lado do mundo na SBMAC

Pesquisador saiu do Sri Lanka para ser ativo à frente da matemática brasileira nos últimos 35 anos, incluindo mandato como Vice-Presidente da SBMAC nos anos 2000

Foto: SBMAC

São mais de 14.000 km que separam Alagacone Sri Ranga de sua cidade natal Matale, no Sri Lanka, pequeno país insular ao Sul da Ásia. Pode parecer um roteiro de filme romântico, mas o matemático cruzou os Oceanos Índico e Atlântico rumo ao interior de São Paulo por paixão pela Matemática e, acima de tudo, pela esposa brasileira.

No Sri Lanka, Alagacone conviveu em uma família com pais médicos. Se dependesse deles, o filho teria uma trajetória diferente. A Medicina já foi descartada cedo, mas a carreira em Matemática também não estava nos planos dos pais de etnia Tamil.

Vida acadêmica entre Europa e Brasil

Nos primeiros anos da década de 1970, Ranga mudou-se para a Inglaterra a fim de obter mais oportunidades e um futuro mais promissor. Mas qual curso fazer?

“Meus pais queriam que eu fizesse graduação em Engenharia Civil. Daí fui para a Inglaterra fazer, mas não gostei. E como eu já estava na Inglaterra, mudei para Computação”, conta o professor titular do Departamento de Matemática da Unesp de São José do Rio Preto

Em 1980, Ranga se formou em 1⁰ lugar da turma do curso de Computação e Matemática na Escola Politécnica da Universidade de South Bank, em Londres. Mas pensa que o sujeito estava satisfeito? 

“Achava que ia gostar (de Computação), terminei, fui o melhor aluno da turma. Como não tinha Mestrado, fiz Doutorado em Matemática. E minha vida simplesmente mudou”, declara o pesquisador. 

De 1980 a 1983, Ranga cursou o Doutorado em Matemática (com ênfase em Análise Numérica) no Instituto de Matemática da Universidade de St. Andrews, na Escócia. Durante o período, conheceu sua atual esposa, que era professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que fez doutorado na Universidade de St. Andrews na área de botânica. Pouco tempo depois, o asiático arrumou suas coisas e pegou um voo do Reino Unido ao Brasil. 

Com PhD em Matemática, Alagacone iniciou sua trajetória como professor em terras brasileiras na USP São Carlos, em 1985. “Para ficarmos juntos, depois fomos para a Unesp de Rio Preto inicialmente como colaboradores. Daí, acabamos gostando de lá e ficamos na Unesp”, recorda o professor, que reside em São José do Rio Preto desde 1989. 

Primeiro contato com a SBMAC

Um ano antes, Ranga conheceu a SBMAC. Mais precisamente no Congresso Nacional de Matemática Aplicada e Computacional (CNMAC) de Ouro Preto. Desde então, o professor do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) se mantém ativo na Sociedade. 

Em primeiro lugar, foi importante no processo de criação da revista Tendências em Matemática Aplicada e Computacional (TEMA), em 1999. A publicação tinha vocação para a publicação de trabalhos apresentados em CNMACs e para a disseminação da Matemática Aplicada e Computacional em língua portuguesa. Ranga foi editor-chefe da revista por mais de 20 anos. 

Além disso, o matemático exerceu a função de Editor Associado da revista Computational & Applied Mathematics (CAM) de 2005 a 2011. Durante o período em que era uma das figuras mais conceituadas do Departamento Editorial da entidade, o professor Ranga foi convidado por José Alberto Cuminato, docente do Instituto de Ciências Matemáticas e Computação (ICMC-USP), para compor a Diretoria da SBMAC como Vice-Presidente, de 2007 a 2009. 

De todas as contribuições com a Sociedade, Alagacone se lembra com bastante carinho dos CNMACs. Em 2003, por exemplo, teve a responsabilidade de ser o Presidente do Comitê Local do evento em São José do Rio Preto. 

“Muitas pessoas me ajudaram no CNMAC de Rio Preto, participaram das atividades, foi muito especial organizar um evento tão importante como aquele. E o CNMAC é uma chance de você rever os amigos, né, de fazer conexões com pessoas da mesma área, abrir seus horizontes em relação ao conhecimento. Sempre era muito bom, sem falar que gosto muito de comer bem, né”, brinca o matemático. 

E o futuro?

Para o asiático, o futuro da Matemática está interligado à polivalência que a Matemática Aplicada oferece a diversas áreas do conhecimento. “A Matemática Aplicada contribui em vários setores da sociedade, como Engenharia, Medicina, Inteligência Artificial. Não tem fim esse processo. E hoje em dia, você tem que adquirir muito conhecimento para sobreviver”, ressalta Ranga.

Muito feliz por sua trajetória deste lado do globo, Alagacone pretende seguir trabalhando em suas linhas de pesquisa, atuando principalmente nos seguintes temas: Polinômios Ortogonais e Similares, Fórmulas de Quadratura e Frações Contínuas.

Por mais de 35 anos, as contribuições com a SBMAC foram vitais para a carreira acadêmica de Ranga decolar, que se vê no dever de retribuir tudo o que pode em vida.

“Eu me sinto realizado, já fiz muita coisa, já orientei muitos alunos, participei da Capes como avaliador dos Programas de Pós-Graduação no Brasil. Hoje, a SBMAC está muito valorizada no continente e seu papel é muito importante. E isso representa uma motivação a mais para eu seguir fazendo minhas pesquisas. Espero que as pessoas tenham gostado. Eu mudei para o Brasil exatamente para contribuir em alguma coisa, e a SBMAC me permitiu ajudar”, encerra o professor do Ibilce.

Confira o 29º episódio da série Memória SBMAC:

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