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Conheça João Vitor Parada Poletto, vencedor do Prêmio SBMAC 2024 de Melhor Dissertação em Matemática

Aluno da UFPR conquistou honraria a partir de um modelo não-linear que prevê mais precisamente a ocorrência de tsunamis para socorrer as populações e emitir alertas de forma mais rápida 

João Vitor Parada Poletto venceu o Prêmio SBMAC na categoria de melhor dissertação de 2024 | Foto: Leonardo Zacarin/SBMAC

Durante o XLIII Congresso Nacional de Matemática Aplicada e Computacional (CNMAC), em Porto de Galinhas, no mês de setembro, ocorreu a entrega dos Prêmios SBMAC 2024. A iniciativa condecora trabalhos de Iniciação Científica e Pós-Graduação da matemática brasileira. 

O vencedor do Prêmio ‘Clóvis Caesar Gonzaga’, que reserva espaço para o melhor trabalho de Mestrado em Matemática, foi o paranaense João Vitor Parada Poletto, aluno da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Seu trabalho é intitulado ‘Equações completas de Euler para ondas geradas por deslocamentos verticais do fundo do mar’, sob orientação dos professores Roberto Ribeiro-Jr e Francisco de Melo Viríssimo

Ribeiro-Jr é professor no Departamento de Matemática (DMAT) da UFPR, e Viríssimo é pesquisador em Matemática Aplicada que colabora ativamente com o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG USP), com experiência em centros de pesquisa renomados, como a London School of Economics e o National Oceanography Centre, ambos no Reino Unido. A pesquisa de Poletto também contou com a colaboração e supervisão dos professores David Andrade, da Universidad del Rosario, na Colômbia, e Marcelo Flamarion, da Pontifícia Universidade Católica do Peru.

A dissertação de Poletto estuda o perfil matemático das ondas no fundo dos oceanos a partir de uma abordagem não-linear. A intenção do modelo é descobrir as vantagens e as aplicabilidades em comparação a modelos mais simplificados utilizados na literatura e, assim, conseguir prever mais precisamente a ocorrência de fenômenos chamados tsunamis para socorrer as populações e emitir alertas de forma mais rápida e eficaz. 

Para Poletto, a conquista representa um grande momento em sua promissora carreira como pesquisador na área de Matemática Aplicada. Ele também comemorou ter sido agraciado justamente em sua 1ª vez em um CNMAC, organizado pela Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC) anualmente.

“Buscando conhecer mais sobre a SBMAC, pude ver a relevância do trabalho feito pela Sociedade à Matemática de forma geral, especialmente fortalecendo a pesquisa nacional. Imagino que tal prêmio impactará muito positivamente minha carreira, quando buscar trabalhar em outras instituições e/ou fazer conexões com pesquisadores destas, dentro e fora do Brasil”, confirma o matemático de apenas 25 anos que dá continuidade aos estudos no Doutorado pela UFPR.

Paranaense de 25 anos recebeu o prêmio em setembro durante o CNMAC, em Porto de Galinhas | Foto: Leonardo Zacarin/SBMAC

Com o objetivo de se tornar uma referência pela relevância de seus estudos, Poletto conta que recebeu a notícia de que havia vencido o prêmio enquanto viajava com a esposa pelo Nordeste. 

“Estávamos fazendo um tour pela cidade de Ilhéus, na Bahia, quando recebi a notificação pelo celular. Fui pego de surpresa no momento, pois não estava pensando sobre o prêmio. Fiquei muito contente e comuniquei à minha família. Como me recordava que o primeiro colocado do prêmio seria convidado para palestrar no CNMAC, já comecei a me preparar para participar do evento”, conta o paranaense, que foi parabenizado pelos orientadores logo em seguida.

Perfil

Natural de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, João Vitor lembra que o gosto pela Matemática veio do berço. “Minha mãe conta que eu gostava de brincar com a calculadora”, comenta ele. Marisa sempre auxiliou o filho em casa nas aulas de Matemática, o que contou pontos para a escolha anos mais tarde no vestibular.

Quando criança, o paranaense adorava ficar desenhando as placas dos carros em um caderninho, porque era divertido ver as possíveis combinações das letras e números. Também gostava de programas como o Cyberchase, que envolvia enigmas matemáticos, e sempre curtia jogos de tabuleiro, como Banco Imobiliário e Scotland Yard, que requerem certa dose de raciocínio lógico.

Sua trajetória escolar foi toda pavimentada em colégios públicos. A mãe sempre complementava trazendo provas da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). No primeiro ano do Ensino Médio, João já sabia que seu destino estava selado com a área de Ciências Exatas, porém, na época, pretendia prestar vestibular para Engenharia Civil. Por influência de uma professora do Colegial, todavia, ele adquiriu o gosto pela Física, uma vez que se interessava em aplicar fórmulas matemáticas aos conteúdos aprendidos. 

“Ademais, conversando com minha família, percebi que o mercado de trabalho para professores era menos competitivo do que para engenheiros, além do fato de que gostava de auxiliar meus colegas nas escolas, o que fortaleceu a ideia de cursar Licenciatura em Física”, narra o paranaense, que foi aprovado em 2017 para a Graduação em Física pela UFPR. 

Formado em Física na graduação, João Vitor se encontrou em Matemática no Mestrado e Doutorado na UFPR | Foto: Arquivo Pessoal

Mas até o primeiro semestre de graduação, não havia passado por sua cabeça escolher Matemática para cursar ou se especializar. “Porém, como fui medalhista da OBMEP (bronze em 2013 e 2016), fui convidado a participar do Programa de Iniciação Científica e Mestrado (PICME) na UFPR. Isto me permitiu fazer iniciação na área da Geometria Diferencial e realizar disciplinas do Bacharelado em Matemática. Na segunda metade da graduação, deixei de fazer iniciação especificamente para realizar disciplinas de Pós-Graduação em Matemática, fortalecendo meu currículo e conhecimento nessa área”, conta Poletto. 

Assim, no fim da graduação em Física, ele se sentiu mais preparado para seguir o Mestrado em Matemática na UFPR, modalidade que o faria ser agraciado no CNMAC, em Porto de Galinhas. 

Mas se engana quem crê que João Vitor já tinha tudo planejado para pesquisar o tema vencedor do Prêmio SBMAC. “No início do Mestrado, como tinha acabado de ter contato com a parte aplicada e computacional da Matemática através de um curso de verão de introdução à Computação Científica, me interessei pela área e fui orientado pelo professor Roberto Ribeiro. Minha ideia inicial não era trabalhar especificamente com ondas aquáticas, que é a área de interesse do meu orientador, mas sendo apresentado aos conceitos, comecei a gostar do assunto e me aprofundar nos conhecimentos”, revela.

Assim, surgiu a ideia e se desenvolveu a dissertação de Mestrado vencedora do Prêmio SBMAC 2024. Atualmente, João Vitor já deu o próximo passo em sua carreira acadêmica e está cursando o Doutorado em Matemática com o mesmo professor Roberto Ribeiro-Jr como seu orientador. 

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