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Carta aberta à comunidade matemática brasileira sobre a atual composição do CA de Matemática e Estatística do CNPq

A Comissão de Gênero e Diversidade da SBM/SBMAC recebeu com bastante perplexidade a notícia sobre a nova composição do Comitê de Assessoramento (CA) do CNPq para a área de Matemática e Estatística (MA), que possui apenas homens (em um total de 10 membros). Portanto, esta comissão vem por meio desta carta manifestar sua preocupação e pedir um maior engajamento da nossa comunidade, das nossas sociedades científicas e dos nossos representantes junto ao CNPq para que possamos reverter esse cenário.

Esta nova composição vai na contramão de todas as ações que têm sido promovidas pela Comissão de Gênero e Diversidade da SBM/SBMAC ao longo destes últimos anos, com o intuito de aumentar a representatividade e diversidade na área da matemática. Além disso, essa nova composição contribui para perpetuar a esmagadora minoria de mulheres com bolsa de produtividade em pesquisa no CNPq na área. Essa falta de representatividade não impacta apenas os altos níveis da carreira científica, pois a falta de visibilidade das pesquisadoras acaba também refletindo na falta de estímulo para que meninas ingressem na área de Matemática e Estatística.

Observa-se que as pesquisadoras na área de Matemática e Estatística perfazem 10,3% do total de pesquisadores nível 1, aptos a indicar para o CA, sendo que este número cai para 8,9% se considerarmos apenas as pesquisadoras na área de Matemática. Assim, sem uma ação efetiva para manter uma diversidade em sua composição ficará difícil modificar esse cenário. Seria importante que as sociedades científicas divulgassem suas indicações e atuassem junto aos CAs e ao conselho deliberativo do CNPq, pressionando para que haja uma maior adequação no regulamento atual do CNPq de modo a termos uma efetiva diversidade dentro destes comitês.

Ressalta-se que existem muitos debates e reflexões sendo feitos na comunidade científica brasileira e internacional acerca desse tema e do impacto negativo que a pouca representatividade de gênero tem para a ciência. Infelizmente não temos como analisar a diversidade racial nos CAs, que é outra questão que precisa ser discutida, principalmente em um país que tem uma maioria de pretos e pardos.

A Comissão de Gênero e Diversidade da SBM/SBMAC faz um apelo para que a comunidade matemática brasileira se mobilize, promovendo ampla discussão em suas universidades, junto aos colegiados e órgãos competentes sobre este tema que é de suma importância, bem como solicita que as sociedades científicas promovam um maior diálogo junto ao CNPq e à comunidade, a fim de construir medidas efetivas que visem aumentar a diversidade de gênero e raça no CA do CNPq de Matemática e Estatística.

Comissão de Gênero e Diversidade da SBM/SBMAC

Celina Figueiredo (UFRJ), Cintya Wink de Oliveira Benedito (Unesp), Denise Siqueira (UTFPR), Jaqueline Godoy Mesquita (UnB), Maité Kulesza (UFRPE), Maria Eulália Vares (UFRJ), Miriam da Silva Pereira (UFPB), Simone Leal (Unifap), Sonia Pinto de Carvalho (UFMG).

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