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Geraldo Silva: o mineiro de sorriso fácil da SBMAC

Conheça a história do ex-Presidente da Sociedade

De poucas palavras, mas com um sorriso largo e fácil, Geraldo Nunes Silva é uma das figuras mais carismáticas e emblemáticas da história da Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC). Nascido na zona rural do interior de Minas Gerais, em Campos Altos, viveu por lá até os cinco anos de idade. De lá, partiu para Uberlândia, cidade em que cresceu brincando na rua e jogando bola, sequer imaginando o caminho que iria trilhar no mundo da Matemática.

Ao terminar o colégio, Geraldo não tinha ideia do que queria, mas, como seus amigos estavam seguindo o caminho de ir para a faculdade, ele optou pelo mesmo. Dada sua aptidão e afinidade com os números, todos queriam que fizesse Engenharia, mas ele escolheu prestar o vestibular para Matemática na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Formado, mais uma vez seguiu os conselhos daqueles que estavam ao seu redor e não fez pausas em sua vida acadêmica, tornando-se mestre também em Matemática pela Universidade de Brasília (UnB).

E se aquele garotinho de Campos Altos pouco sabia da vida quando novo, no amadurecer ele não pestanejou em alçar grandes voos. Tornou-se professor da  Unesp de São José do Rio Preto e não parou mais. Geraldo seguiu conquistando não apenas o Brasil, mas também o mundo, e se tornou doutor em Teoria de Controle pelo Imperial College de Londres, na Inglaterra.

Envolvimento com a SBMAC

Para explicar a relação de Geraldo com a SBMAC, precisamos voltar um pouco no tempo. Antes mesmo do doutorado, num CNMAC realizado em Brasília, ele teve seu primeiro contato com a Sociedade. E, logo de cara, já foi um momento muito especial. “Eu fui com um ônibus do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, o Ibilce, lá da Unesp, que levava os estudantes para o CNMAC em Brasília. O professor Maurilio convidou a Heloisa, que era aluna do ICMC em São Carlos, para ir com a gente, e assim eu a conheci. Um ano depois, num CNMAC em Gramado, a gente se encontrou mais uma vez e começamos a namorar. Três anos depois do Congresso que a gente se conheceu, ela se tornou minha esposa”, relembra ele com muita alegria e risadas.

Em 1994, um ano após terminar o seu doutorado, ele voltou a participar do CNMAC – afinal, era praticamente uma tradição que o pessoal do Departamento de Matemática Aplicada da Unesp fosse ao Congresso. Daí em diante, passaram-se alguns anos e seu apreço e vínculo à Sociedade foram se tornando cada vez mais fortes. Nunes passou a se envolver na Coordenação da Regional do Noroeste Paulista e, mais à frente, em 2001, tornou-se membro da Diretoria da SBMAC. Por lá, permaneceu até 2007, sendo o primeiro Vice-Presidente da história da Sociedade e Presidente durante dois biênios consecutivos – 2009 a 2013.

“A minha ideia de entrar na Presidência ou estar na Diretoria era sempre fazer com que a SBMAC pudesse oferecer mais serviços aos seus associados. Logo de início, a Sociedade surgiu para organizar os Simpósios de Cálculo Numérico, que depois virou o CNMAC. De imediato, a Revista da SBMAC foi criada, e ela tinha duas coisas: a publicação e o congresso. Esse era o serviço que a SBMAC oferecia, mas eu achava que ela poderia fazer mais”, explica.

Nessa toada em busca do crescimento, ele foi um dos responsáveis por diversas evoluções pelas quais a Sociedade passou. Atuou em prol da catalogação dos minicursos que eram realizados nos congressos e pôs isso em prática no marco da comemoração dos 25 anos da SBMAC. Esteve por trás da organização da série Notas em Matemática Aplicada (NoMA), que documentava os minicursos do CNMAC. “Mesmo que a pessoa não fosse ao CNMAC, ela poderia estudar as monografias que foram apresentadas lá”, comenta.

SpringerBriefs

Outro grande marco dentro da Instituição que possui grande participação de Geraldo é a série SBMAC SpringerBriefs, a qual apresenta textos em inglês em todas as áreas da Matemática Aplicada, Computacional e Industrial. “Eu estava num congresso em Berlim e o pessoal da Springer estava lá e queria conversar comigo para saber se eu gostaria de escrever um livro. Nisso, sugeri para eles não que eu escrevesse, mas sim que tivéssemos uma série onde a SBMAC pudesse publicar monografias no estilo da NoMA em inglês para o mundo inteiro. Eles estudaram o caso e assim começamos a parceria.”

COAM

Veiculada desde 1981, a revista Computational & Applied Mathematics (COAM), principal publicação científica da SBMAC, também teve sua evolução pautada através das ideias de Geraldo. Durante muito tempo, a revista era veiculada pela própria Sociedade, mas possuía um alto custo e não alcançava uma boa divulgação. O material, voltado para a seleção e divulgação de pesquisas originais em Matemática Aplicada e Computacional e em suas interfaces com a Física, Engenharia, Química, Biologia, Pesquisa Operacional, Estatística, Ciências Sociais e Economia – entre outras áreas -, precisou avançar.

Enquanto Vice-Presidente, convenceu o Conselho para que ela passasse a ser divulgada em acesso aberto, colocando-a na base Scielo, da Fapesp, e por lá permaneceu entre 2003 e 2012. Mas, para ele, ainda não era suficiente, uma vez que a revista não tinha a quantidade de citações que era esperada. Ao se tornar Presidente, a Springer mais uma vez entrou em contato e a COAM passou a ser veiculada por eles. Com este feito, o periódico passou a não apenas eximir a Sociedade de custos, como também começou a trazer recursos financeiros para a SBMAC.

Geraldo e o papel da SBMAC

Geraldo enxerga que a carreira do matemático aplicado depende de diversas capacidades e que é pautada também através de incentivos aos novos talentos. Por isso, acredita que a SBMAC tem um papel fundamental no desenvolvimento da carreira dessas pessoas. “Os alunos aprendem a escrever e apresentar trabalhos, e a Sociedade tem esse lado na formação do pesquisador desta área. Além disso, a Sociedade tem os prêmios de iniciação científica, de mestrado, doutorado, e agora de trabalhos. Isso é um incentivo para o crescimento da carreira do profissional em matemática aplicada e computacional”, destaca. 

Mesmo com uma carreira recheada de feitos notáveis, Geraldo permanece sendo um matemático bastante tímido, mas muito sorridente. Ao longo de mais de quatro décadas, ele foi crucial para a construção de um legado lindo e extremamente importante na formação e desenvolvimento da Matemática Aplicada no Brasil e no mundo. Por figuras como essas, que carregam consigo além da inteligência, singelos sorrisos, a SBMAC celebra o presente e o passado através da sua memória.

Confira o nono episódio da série Memória SBMAC:

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