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Sandra Santos: a harmonia entre teoria e prática na SBMAC

Pesquisadora de São Caetano do Sul não demorou muito na graduação para mostrar a aptidão pela ‘geometria das coisas’ e suas contribuições na Sociedade completam quase 40 anos

Sandra Santos sempre foi acostumada a ser direta. Sem delongas, não costuma se convencer com aquele lero-lero e já parte para a comprovação. Sempre foi do perfil de ‘visualizar a coisa’, ou melhor, visualizar a geometria de tudo na sua vida. E vem daí o conceito que a fez se apaixonar pela matemática.

Nascida em São Caetano do Sul, no ABC paulista, Sandra se envolveu em aventuras desde pequena. Logo na infância, mudou-se para Salvador por uma proposta de trabalho do pai, porém voltou ao estado de origem um ano depois. Deu tempo até de ter aulas com a mamãe no Ensino Fundamental.

“A amiga dela foi quem me alfabetizou, mas, na 2ª série, minha mãe foi a professora na escola. Estudei quase toda a minha vida em escola pública e desde sempre tive facilidade com matemática. Adorava meus professores de Matemática e de Desenho Geométrico e isso me motivou a seguir por esse caminho”, recorda.

CAMINHO PRECOCE

Ser aluna aplicada e ter o incentivo vindo do lar foram fatores que direcionaram Sandra para o sucesso na área acadêmica. Mas por qual curso optar? A experiência de ter completado um Colégio Técnico em Edificações a puxou para a fronteira tênue entre Arquitetura e Engenharia Civil, mas, novamente, eis que a comprovação ‘na pele’ virou o leme para um rumo diferente do marco inicial.

“O curso de Arquitetura envolve uma prova de aptidão, em que você precisa fazer um desenho e realmente aquilo não era minha praia. E como minha mãe era professora, eu achei que eu só poderia vir a ser professora se fizesse Matemática e eu não queria. Mas quando participei do Programa Unicamp de Portas Abertas (UPA), eu vi que a Matemática poderia gerar pesquisa e outros estudos, então isso me apaixonou”, pontua.

Dessa forma, acabado o Ensino Médio, Sandra foi bem-sucedida no vestibular e ingressou na Unicamp. A princípio, iniciou no curso de Bacharelado em Matemática, porém veio o gosto pela Otimização logo cedo. Consequentemente, da metade para o fim da graduação, a então estudante traçou seu destino.

“À medida que eu fui fazendo Cálculo Numérico, Programação Linear e Não-Linear, eu fui me apaixonando pela Otimização. Por isso, da metade para o final da graduação, eu decidi ficar em Matemática Aplicada e Computacional e foi assim que eu conheci a SBMAC”, atualiza Sandra.

Em Campinas, completou o plano inicial e seguiu na área, com mestrado e doutorado finalizados pouco tempo depois de maneira a se tornar uma das maiores referências no Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC).

TEORIA E PRÁTICA

O pós-doutorado na Universidade de Rice, em Houston, nos Estados Unidos, abriu um leque de alternativas para a paulista. Tanto que, em seu retorno ao Brasil, em 1995, Sandra foi contratada como professora, aquela profissão da mãe que não a agradava anos antes. Mas de onde veio, de uma hora para outra, a aptidão para ensinar os mais jovens?

“Ah, eu gosto bastante de dar aula, mas eu não queria ser somente professora. A impressão que tinha de professora de matemática era que só dedicaria todo tempo para ensinar os meninos e meninas mais novos. Eu gosto da sala de aula, mas me conquista bastante a parte experimental, a parte computacional, de testar uma nova conjectura, fazer um programa para ver se aquilo funciona. Essa conjunção de teoria e prática realmente me fascina”, comprova a pesquisadora.

E por falar em pesquisa, Sandra se certificou de que o caminho estava determinado exatamente nas salas de aula da Unicamp como professora efetiva de Matemática. “Eu gosto muito de visualizar, da geometria da coisa, por isso me interessei tanto por Geometria desde cedo. E quando eu vi que isso poderia se encaixar com a parte de modelar um problema e procurar a melhor solução, na parte de otimização contínua, eu senti que tinha encontrado meu nicho e poderia seguir essa linha de pesquisa”, completa.

TRAJETÓRIA NA SBMAC

Neste cenário, Sandra teve seu primeiro contato com a SBMAC no final dos anos 1980. O Congresso Nacional de Matemática Aplicada e Computacional (CNMAC) de Gramado, em 1987, marcou o início de uma série de contribuições da pesquisadora com o grupo.

Ela se recorda do quanto seus professores a motivaram para se conectar, de alguma forma, com a Sociedade. “Os eventos nos encantavam bastante, as palestras, o convívio com as pessoas. Tenho muitos colegas que seguiram por essa área justamente por essa motivação. Tive o prazer de ter aula com a Maria Cristina Cunha, com o Joni (João Frederico da Costa Azevedo Meyer), bastante envolvidos com a SBMAC, e eu escolhi fazer minha pós-graduação com o (José Mario) Martínez. Ele, às vezes, preparava um resumo para a gente apresentar no Congresso e o trabalho nem estava pronto. Mas tudo isso nos fazia correr atrás para participar”, pontua, sorridente.

O ritmo do ‘Se vira nos 30’ surtiu efeito e fez Sandra participar de todos os CNMACs do fim da década de 1980 passando por mestrado e doutorado. Tudo isso a aproximou ainda mais da SBMAC e possibilitou observar – como na ‘geometria de sua vida’ – sua evolução dentro da área.

“As diferentes diretorias foram aprendendo a fazer os congressos, as avaliações, as chamadas, toda essa dinâmica do calendário fortalece e dá incentivo para que as pessoas levem o seu melhor para os alunos e colaboradores. Outra iniciativa positiva é o Comitê das Mulheres da SBMAC, ao qual acompanho com muita alegria. Porque não é fácil ser uma mulher matemática no nosso país. Não é fácil ser uma profissional mulher em qualquer área, mas em especial a Matemática, que é bastante masculina. Então ver mulheres tomando a frente me mostra que esse é um ótimo caminho a ser seguido”, vislumbra a pesquisadora.

Confira o 14º episódio da série Memória SBMAC:

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