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Haroldo Fraga de Campos Velho: o cientista espacial da SBMAC

Gaúcho é pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e é contribuinte efetivo da Sociedade desde o fim da década de 1980

Desde a infância, o pequeno Haroldo Fraga de Campos Velho foi acostumado a se adaptar rapidamente às distintas condições do ambiente em que estava inserido. Nascido em 1959, em Alegrete, no interior do Rio Grande do Sul, ele e seus três irmãos se mudaram para a capital Porto Alegre por causa do serviço público do pai. Só que as aventuras do ‘chefe da casa’ o levaram para o interior mais de uma vez. Então, Santa Cruz do Sul, Cachoeira do Sul e São Francisco de Assis foram outros municípios que o abraçaram em meio ao período. 

Em Santa Cruz do Sul, por exemplo, Haroldo pôde aproveitar uma das raras oportunidades se tratando de um colégio completo em uma cidade pequena do interior do estado. “Estudei no Colégio Mauá, onde abrigava o único museu da cidade. E como Santa Cruz foi fundada por alemães, nessa escola se estudava o alemão. Era um colégio que reservava uma certa distinção para quem entrava”, lembra. 

Dentista, não! Cientista!

E a capacidade de se adaptar a diferentes situações fez Haroldo corrigir a rota do que queria para sua vida. A princípio, ser dentista era uma carreira que o fascinava, porém não demorou muito para o mundo das Ciências Exatas o fisgar. 

“No Científico, descobri que a minha vocação eram as Ciências Exatas. Eu não sonhava em ser cientista, como sou hoje, eu sonhava em entender o que os cientistas falavam. E o que chamava a atenção na época eram esses eventos da conquista espacial. Eu nasci em 1959 e a década de 1960 foi marcada pela corrida aeroespacial, o homem tentando chegar à Lua e isso, de certa forma, me influenciou”, conta. 

Logo, a Odontologia ficou para trás e Haroldo se viu dividido em dois cursos: Bacharelado em Matemática e Engenharia Química. Por muitas vezes, ter mais de uma opção mais atrapalha do que auxilia, não é verdade? Então lá foi o gaúcho conciliar as duas graduações. 

Conselho de quem sabe

“Nas cidades do interior, na época, não havia vestibular. Então me desloquei para a Porto Alegre, fiz vestibular e entrei nos dois cursos: Bacharelado em Matemática pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e em Engenharia Química na PUC-RS. Só que houve uma pessoa que me desaconselhou a terminar o curso de Matemática”, surpreende Haroldo. 

Mas acabava aí o sonho do gaúcho em seguir na área? Muito pelo contrário. O autor do ‘conselho’ foi ninguém menos que Marco Antônio Raupp, então Presidente da SBMAC. A ideia passada a Haroldo não era abandonar a ambição de seguir carreira na Matemática, mas fazer uma especialização, já que o aluno mantinha um emprego fixo como engenheiro e ganhava uma boa remuneração. 

“Se um matemático, e se tratando do Professor Marco Antônio Raupp, o Presidente da SBMAC, está me dizendo para seguir com a Matemática na Pós-Graduação, então segui o conselho dele”, narra Haroldo, que completou sua graduação em Engenharia Química pela PUC-RS em 1983.

Sucesso na Academia

A sequência na Academia seguiu o mesmo norte: no período entre 1988 e 1992, Haroldo se tornou mestre e doutor em Engenharia Mecânica com ênfase em Engenharia Nuclear e Mecânica dos Fluidos pela UFRGS, em Porto Alegre. 

Após uma experiência na iniciativa privada, o matemático se aventurou na Pós-Graduação, onde, enfim, concretizou sua ligação com a SBMAC, chegando até a sua associação no fim da década de 1980. 

“A SBMAC é uma Sociedade bondosa que abriga vários profissionais de distintas áreas, muito além da Matemática. Essa abertura que ela possibilita de perfis de profissionais talvez a faça ser uma das únicas Sociedades do país que permita essa amplitude”, analisa. 

Participação na SBMAC

Ao longo dos anos, Haroldo soube dividir as atividades de sua carreira e manter uma contribuição efetiva na SBMAC. Em 1987, participou da organização do famoso Congresso Nacional de Matemática Aplicada e Computacional (CNMAC) em Gramado, o que se tornou um dos seus primeiros feitos junto à entidade.

Posteriormente, foi eleito membro do Conselho da SBMAC na primeira década dos anos 2000 e soube conciliar, com sua profissão no ramo, a de pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Haroldo é titular na função desde 1988 e se considera muito orgulhoso por ter reservado um tempo precioso para priorizar suas atividades na Sociedade.

“Eu me orgulho de fazer parte dessa Sociedade tão importante para a Ciência brasileira e que vem mostrando uma parte da Matemática que auxilia no cotidiano, que ajuda a resolver problemas difíceis associados à parte da computação científica e que nos agrega à comunidade internacional”, avalia.

Na atualidade, Haroldo é uma das maiores referências no Brasil em pesquisas espaciais, modelagem matemática e transformações atmosféricas. E o gaúcho faz questão de dedicar grande parte das conquistas como aprendizado nas inúmeras experiências dentro da Sociedade.

“Eu aprendi muito participando dos eventos da SBMAC. Mesmo sendo um profissional formado, até hoje assisto a minicursos, vejo o que jovens pesquisadores estão fazendo, o que meus colegas estão divulgando, suas contribuições científicas. Fico muito grato por participar ainda desses processos e estou à disposição para ajudar no desenvolvimento da Sociedade”, finaliza Haroldo.

Confira o 20º episódio da série Memória SBMAC:

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