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Geraldo Lúcio Diniz: linha do tempo simultânea à SBMAC

Matemático mineiro completa mais de 30 anos de associação à Sociedade com contribuições em diretorias anteriores e também como membro do Conselho

Mineiro de Divinópolis, Geraldo Lúcio Diniz nasceu em 25 de outubro de 1958. Desde a infância, Geraldinho possuía uma imensa capacidade de transformação – por isso, acostumou-se às mudanças de cidade por causa do trabalho do pai.

“Meu pai era motorista ferroviário. E a gente vivia se mudando para acompanhar a construção da ferrovia, que saía de Belo Horizonte e rumava até Brasília para levar o combustível até a capital”, recorda. 

Educação até a graduação

Obviamente, o período escolar ficaria comprometido em uma vida sem raízes. Tanto é que Geraldo passou por três métodos distintos de alfabetização somente no primeiro ano do Ensino Fundamental. “Acabei sobrevivendo a tudo isso, porque sempre gostei de estudar. E uma coisa que meu pai falou e nunca me esqueci foi: ‘Tudo que é material podem me tirar, mas o conhecimento ninguém tira’”, completa. 

Apesar das dificuldades, Geraldinho completou o Ensino Médio em Divinópolis. O gosto pela área de Ciências Exatas veio indiretamente pelo tio, que trabalhava como engenheiro civil. Logo, o ‘papai’, como carinhosamente lembra, indicou a área de Engenharia para prestar vestibular. 

Apego pela Matemática

Em 1978, com menos de 20 anos, Geraldo passou no curso de Engenharia de Agrimensura da Escola Superior de Agrimensura de Minas Gerais, onde se formaria dois anos depois. Entretanto, no ano de calouro, ele percebeu que seu caminho seria muito mais bem-sucedido em Matemática. 

“No primeiro ano, eu tive um contato muito forte com Cálculo e Geometria Analítica, daí me apaixonei pela Matemática. Quando veio o vestibular, prestei para Licenciatura em Matemática, pois estava decidido e queria ter uma profissão”, explica. 

Com isso, o mineiro conseguiu a vaga no curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1979 e passou a conciliar as atividades com outra formação: desta vez, em Engenharia. 

Geraldo se mudou para o interior de São Paulo, onde finalizou o Mestrado em Matemática Aplicada e posteriormente o doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). E foi durante a fase de especialização que o matemático encontrou o ‘fio da meada’ para sua trajetória profissional. 

“Na fase de especialização, eu tive contato com meu orientador, que me passou dois artigos para ler sobre Sistemas Cooperativos e Competitivos. Daí pensei: ‘É isso que quero fazer’. E daí na UNICAMP, na Matemática Aplicada, havia um grupo de Biomatemática e acabei entrando para essa área como pesquisador. E estou nela até hoje”, conta o matemático, que trabalha hoje com Ecologia de Ecossistemas no Departamento de Matemática da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). 

Ligação com a SBMAC

O primeiro contato com a SBMAC aconteceu durante o primeiro ano de graduação na UFMG, em 1979. “O primeiro simpósio que deu origem à SBMAC foi realizado em Belo Horizonte exatamente no prédio onde eu estudava. E é interessante porque, depois que fui conhecer a SBMAC, percebi que minha origem também estava alinhada com o nascimento da Sociedade”, narra. 

Sua associação, todavia, ocorreu uma década depois, em 1990. Desde então, Geraldo conta nos dedos quantos Congressos Nacionais de Matemática Aplicada e Computacional (CNMAC) perdeu pelo caminho. 

E, ao longo dos anos, ele aprova a postura da SBMAC em levar o conhecimento por meio dos congressos aos diversos cantos do país. “É importante esse tour pelo Brasil, pois as pessoas têm contato com isso e enxergam algo a mais que a pura Matemática, onde ela pode ser aplicada, onde ela pode ser útil na solução dos problemas”, opina. 

Contribuições na Sociedade

Para Geraldinho, a evolução da SBMAC em seus 45 anos de história já a tornam uma entidade conceituada nas fronteiras fora do Brasil. E nem mesmo um hiato na área científica nos últimos anos foi capaz de minar sua importância para a Academia. 

“A gente vem sobrevivendo graças ao trabalho duro das pessoas. A Diretoria e o Conselho da SBMAC trabalham de maneira voluntária. Nós não ganhamos para isso, fazemos por acreditar, uma filosofia em crer na ciência e o quanto ela pode contribuir para melhorar a vida das pessoas”, acrescenta Geraldo, que, em 2023, concluiu seu mandato no Conselho da SBMAC. 

Entre 2014 e 2015, Geraldo ocupou a cadeira de Secretário-Geral da Diretoria da SBMAC no mandato do presidente Antônio José da Silva Neto e acompanhou a evolução da entidade em várias pautas – entre elas, a criação de comitês temáticos. Um ponto positivo foi a participação de mais mulheres dentro da área a cada ano que se passa. 

“Vejo que a SBMAC saiu na frente na equidade de gênero. O Comitê das Mulheres é fundamental, elas vêm fazendo um belíssimo trabalho. Historicamente, a Matemática sempre foi dominada por homens. Então, hoje, você vê mais mulheres formadas e entrando nas instituições. Eu vejo positivamente que isso só cresce e a SBMAC tem um papel importante em estimular mais meninas a fazer Matemática”, avalia. 

São mais de 30 anos de contribuições como associado da SBMAC, inúmeros CNMACs em sua bagagem e trabalhos publicados em anais de eventos. Tudo isso só deixa Geraldinho com os olhos marejados quando olha a sua linha do tempo dentro da instituição que o acompanhou desde a época de calouro.

“É muito saudável participar dessa história. Eu me orgulho muito de ter feito parte, de todo meu empenho para que os eventos acontecessem da melhor forma possível, para que os participantes saíssem satisfeitos. Fico feliz por ter contribuído positivamente para que a SBMAC fosse respeitada por pessoas de várias áreas e para a divulgação da Matemática Aplicada e Computacional a toda a sociedade em geral”, conclui Geraldinho.

Confira o 21º episódio da série Memória SBMAC:

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