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José Manoel Balthazar: criação, crescimento e memória viva da SBMAC

Matemático fez parte do Conselho da Sociedade e, entre tantas atribuições, coordenou o Comitê de Dinâmica, Controle e suas Aplicações em Ciências e Tecnologias

Ao abrir o currículo de José Manoel Balthazar, nota-se que suas colaborações acadêmicas se perpetuam há mais de 50 anos. Foram tantos locais visitados, no Brasil e no exterior, projetos contemplados, cursos finalizados e teorias aplicadas que o matemático paulista até se permite esquecer que também é um dos sócios fundadores da SBMAC.

Mas Balthazar se recorda das inúmeras aventuras pela profissão com um ótimo senso de humor, assim como deu os primeiros passos naturais no ginásio em direção à área de Ciências Exatas.

INFÂNCIA NOS LIVROS

Natural de Araraquara, no interior de São Paulo, ele se acostumou a viver em transição escolar desde a infância. O período compreendido entre os Ensinos Fundamental e Médio foi dividido entre as cidades de Rio Claro, Dois Córregos e Torrinha.

Independentemente do local, Balthazar já se adiantava aos coleguinhas de sala no aprendizado. “Enquanto eles brincavam, eu ficava lendo livros de aplicações de Ciências”, brinca o professor, que era fascinado pela engenharia que moldava tudo ao seu redor.

Não podia ver um veículo, seja na terra como no céu, que já se imaginava no meio de toda a engenharia. “Eu via carros, construções, foguetes e me interessava bastante em aprender como montar tudo isso”, confirma ele.

ENSINO SUPERIOR

Logo, suas preferências no Ensino Superior teriam que ser ligadas à área de Exatas. Em 1966, Balthazar foi aprovado no curso de Matemática pela UNESP, no câmpus de Rio Claro, concluindo sua graduação cinco anos mais tarde.

Sua afeição pelos fenômenos mecânicos o levou ao Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos, onde fez seu Mestrado em Ciências, de 1972 a 1975. Antes de seguir o próximo passo, Balthazar já somava horas e mais horas de aulas de extensão universitária ministradas no Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), câmpus atual da UNESP em Rio Claro.

De 1991 a 1993, tornou-se doutor em Engenharia Mecânica pela Escola de Engenharia da USP em São Carlos.

Nos últimos 30 anos, Balthazar contribuiu intelectualmente com várias outras instituições de referência do Brasil, como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Federal do ABC (UFABC), a Escola Politécnica da USP em São Paulo, a Faculdade de Engenharia de Bauru, da UNESP, isso sem falar a experiência como docente em países da Europa, como Rússia, Reino Unido, Itália, Polônia, Turquia, Sérvia, Áustria e Portugal, além do Japão no Oriente.

De 1994 a 2012, Balthazar efetuou Pós-Doutorados nos Estados Unidos em Ciência da Engenharia e Mecânica, no Instituto Politécnico de Virginia Tech, e Estágios Sênior (como Professor Visitante) em Blacksburg e na Universidade de Illinois. “Ciência e Engenharia nos Estados Unidos era como se fosse Matemática Aplicada aqui no Brasil”, lembra o engenheiro sobre a relação com as aplicações científicas voltando à terra natal.

A SBMAC EM SUA VIDA

Três anos após se tornar mestre em Ciências pelo ITA, o ainda jovem Balthazar estava presente no Simpósio Nacional de Cálculo Numérico, realizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. O paulista assinou a ata que confirmava a criação da SBMAC, em novembro de 1978.

Em mais de 45 anos, o pesquisador foi um participante ativo das atividades da Sociedade, que permitiram a sua evolução dentro do Brasil e do continente. Foi membro do Conselho da SBMAC de 2011 a 2015, concomitantemente ao período em que o amigo Geraldo Nunes da Silva, da UNESP de São José do Rio Preto, presidiu a entidade.

No âmbito mais específico da SBMAC, o paulista foi Coordenador do Comitê Temático de Dinâmica, Controle e suas Aplicações em Ciências e Tecnologias com o objetivo de promover periodicamente a Conferência de Dinâmica, Controle e suas Aplicações (DINCON), um dos eventos que ajudou a fomentar.

“Organizei o DINCON de 2002 a 2010 junto do professor Geraldo Nunes e da professora Vilma Alves de Oliveira, de São Carlos. A partir de 2008, o evento passou a ser internacional”, conta o engenheiro e matemático.

PARA O FUTURO

Ao longo da linha cronológica da Sociedade, Balthazar foi responsável pela organização de simpósios nos Congressos Nacionais de Matemática Aplicada e Computacional (CNMACs). Hoje, ele acompanha as atividades de forma mais distante, porém se orgulha pela relevância que construiu no mundo da Matemática.

“A SBMAC está muito desenvolvida. Ela consegue atrair muitos alunos de iniciação científica, incentiva aplicações na indústria e no mercado de trabalho. É uma Sociedade realmente muito sólida e que cresceu bastante em importância também no exterior”, avalia.

Para Balthazar, a entidade precisa se manter atualizada nas tendências matemáticas para seguir seu processo de evolução intelectual.

“Inteligência Artificial e Ciência de Dados, por exemplo, são temas que estão na moda hoje em dia. Acho que a Sociedade precisa investir em novas tendências. Ela tem que estimular as pessoas a fazerem congressos, incentivar as novas gerações a aplicações mais modernas de tecnologia como Modelagem Matemática, que se encaixa direitinho no ramo de Inteligência Artificial”, exemplifica.

Mesmo aposentado da função de docência, o pesquisador segue empenhado em fazer a diferença no sul do país. É professor visitante na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em Ponta Grossa, e é um dos maiores expoentes nacionais em pesquisa sobre Dinâmica Não-Linear, Caos e Controle com Aplicações à Engenharia e Sistemas Eletromecânicos.

Apesar de não estar mais na ativa nos eventos da SBMAC, Balthazar acompanha eventualmente trabalhos de alunos em simpósios ou nos CNMACs. E não há quem o prove que não esteja intimamente ligado à história da Sociedade.

“É bom saber que você faz parte de algo que está progredindo. E a SBMAC está avançando diariamente e tendo projeção internacional. E me sinto muito honrado de ter contribuído um pouquinho por seu desenvolvimento”, comemora.

Confira o 25º episódio da série Memória SBMAC:

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