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Elbert Macau: o engenheiro que se tornou um entusiasta fiel da SBMAC

Sua influência como Secretário por dois mandatos permitiu avanços internacionais da Sociedade, como o acordo com a reconhecida editora Springer na década passada

Ver a mãe se tornar uma médica bem-sucedida e o pai um advogado de respeito só ajudou a estimular o jovem Elbert Macau a também aspirar por uma próspera trajetória. Mas o carioca ousou ir por outro caminho profissional. 

Elbert nasceu em Três Rios, município ao norte do Rio de Janeiro, porém cresceu em meio a idas e vindas à capital pela vida agitada dos pais. Eles tiveram forte influência nos estímulos para o gostinho aguçado por Matemática, desde livros e materiais escolares até os jogos lúdicos e educativos. 

Amor pela Matemática e as Ciências Exatas

O estímulo final para que priorizasse a área de Ciências Exatas, mais precisamente Engenharia, foi indicado por um primo de São José dos Campos, que já tinha iniciado uma jornada nessa área. “Acabei indo para o lugar certo, porque o ITA tem uma forte formação em Matemática”, comprova Elbert hoje, já que a cidade no Vale do Paraíba é um dos principais polos de pesquisa aeroespacial e de automação do Brasil. 

O carioca fez toda a sua carreira acadêmica no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). De 1980 a 1984, completou sua graduação em Engenharia Eletrônica. Emendou, na sequência, o Mestrado em Engenharia Eletrônica e Computação até 1989 e completou seu Doutorado na mesma São José em 1993. 

Após deixar o ITA, já na década de 1990, o engenheiro passou a focar sua linha de pesquisa na área de Controle. “É uma das partes da Engenharia com forte componente de Matemática. E daí para a área em que atuo hoje, que é Aplicações de Sistemas Dinâmicos, foi uma evolução natural do contexto do que estava acontecendo quando me formei”, conta.

Papel fundamental no INPE

Em 1986, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com sede em São José dos Campos, acabava de montar um laboratório de criação, testagem e integração de satélites brasileiros no espaço. Trata-se do Laboratório de Integração e Testes (LIT), onde Elbert seria ninguém menos que o responsável pela implantação dos sistemas de aquisição de dados e controle para ensaios dos satélites. 

“Eu estava terminando meu Mestrado no ITA e, inclusive, já tinha sido aceito para fazer meu Doutorado no exterior em Controle, mas me convidaram para visitar o INPE. O LIT estava sendo construído e fiquei deslumbrado com aquilo que vi. Por isso, saí do ITA em 1986 e, em 7 de julho de 1986, estava no INPE e trabalhei até 2017, quando me aposentei”, conta. 

No INPE, o carioca se envolveu desde a construção do LIT, que envolvia toda a complexidade da Engenharia e a aplicação da Matemática. Durante sua trajetória como pesquisador no Instituto, se deparou, a partir da regulagem e do ajuste de um gravador, com um fenômeno físico chamado caos. Com isso, embarcou para os EUA, onde fez seu Pós-Doutorado em Teoria do Caos na Universidade de Maryland, em College Park. 

“Passei três anos, de 1996 a 1998, no principal centro norte-americano, onde essa teoria, onde a dinâmica não-linear estava sendo desenvolvida. Daí para frente, eu deixei a Engenharia de lado e me dediquei muito mais à minha vida de fazer pesquisa aplicada a soluções de Engenharia”, detalha. 

Conexão com a SBMAC

Ao retornar ao Brasil, próximo da virada do século, Elbert manteve fortes os contatos com vários colegas da área que já tinham elevada importância na evolução da SBMAC, como os sócios fundadores Marco Antônio Raupp e José Raimundo Braga Coelho. E foi graças a um convite despretensioso que o carioca se interessou em fazer parte do grupo. 

“Lembro que o José Raimundo me chamou. Daí eu virei para ele e falei: ‘Mas José Raimundo, eu não trabalho com Matemática…’ Mas ele me incentivou mesmo assim e disse que eu gostaria do Congresso Nacional de Matemática Aplicada e Computacional (CNMAC). Então, lembro que fui em um primeiro CNMAC e depois não perdi mais nenhum”, recorda.

Realmente Elbert teve um ‘padrinho’ que o possibilitou abrir portas na SBMAC. Um dos integrantes da famosa lista de fundadores da entidade em 1978, José Raimundo, mestre em Matemática pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), foi 2º Vice-Presidente na gestão de Raupp de 1989 a 1991 e Secretário Geral em três oportunidades. 

Após se afiliar à SBMAC, Elbert recebeu o convite formal do Presidente Geraldo Nunes Silva para ser seu 1º Secretário por dois mandatos, de 2009 a 2013. “Eu era a pessoa responsável pelas publicações da SBMAC. E a partir de 2009, eu comecei a me envolver ainda mais com a Sociedade. Essa equipe era muito entrosada e fizemos muitas coisas positivas. Começamos a nos aproximar de outras Sociedades, as publicações se tornaram internacionais, fizemos um acordo com a Springer, um trabalho muito interessante”, revela. 

Ao mesmo tempo em que tomava a frente de diversos projetos na SBMAC, Elbert continuava seus desafios em São José dos Campos. Após toda a formação no ITA, foi aprovado na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) como Professor Titular de Ciência e Tecnologia. É docente dos programas de Pós-Graduação em Ciência da Computação e em Matemática Pura e Aplicada, além de dar aula no INPE em Computação Aplicada. 

SBMAC em sua vida

Para Elbert, a SBMAC carrega uma importância significativa em sua carreira, especialmente para ver a Matemática de uma forma diferente do que foi acostumado em Engenharia. 

“A SBMAC é algo que te entusiasma. Você vê uma série de atuações, das mais diversas aplicações, você nota a dimensão do que é a Matemática como instrumento, como forma de modelar, como forma de mostrar um mundo de abstração e uma maneira de compreendê-lo melhor. Ela é uma sociedade pujante, uma das mais bem organizadas da atualidade, pois a SBMAC já é consolidada, mas tem muito espaço para crescimento”, pondera.

Para o futuro, o engenheiro reforça que as novas Diretorias da Sociedade precisam manter o compromisso de serem acessíveis a todas as regiões do Brasil. E para as gerações futuras de matemáticos, aqui fica uma lição: façam a diferença, mas com o prazer de contribuir com algo grandioso. 

“A SBMAC tem que permear o Brasil inteiro e é um movimento que está sendo explorado pelas diversas diretorias. É fundamental que a organização dos eventos façam censos para capturar o que as pessoas estão interessadas, para ela se manter viva e como fonte de interesse. Na nossa vida, a gente acaba nos envolvendo com coisas de que gostamos. Quando você faz com seriedade e quer fazer o melhor, a coisa acaba acontecendo. O segredo da vida é ver o que ela te apresenta e devemos tentar contribuir da melhor forma possível”, opina o carioca, que encerrou, em 2023, seu mandato no Conselho da SBMAC.

Confira o 24º episódio da série Memória SBMAC:

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