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Messias Meneguette Júnior: o matemático que fez acontecer na SBMAC

Paulista de São José do Rio Preto criou uma carreira respeitadíssima na Matemática Aplicada na área de Análise Numérica e foi um dos sócios fundadores da Sociedade, em 1978

Messias Meneguette Júnior fazia parte de uma família com mais sete irmãos em São José do Rio Preto, cidade a 450 quilômetros a noroeste da capital São Paulo. Desde a infância, nos primeiros anos do Ensino Fundamental, já percebia a facilidade para lidar com números. 

O pai era funcionário do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (IBILCE), campus da UNESP, e, por isso, a proximidade com o ambiente universitário, de uma certa maneira, preparava o futuro do pequeno Messias. 

“Sempre gostei de Matemática. Tinha facilidade na disciplina. E acabei prestando vestibular no IBILCE, porque minha família não tinha condições e eu não precisava viajar”, lembra o rio-pretense. 

Mas se engana quem acredita que a escolha de Messias foi fácil e sem ressalvas. “Naquela época, a gente não tinha orientação de ter alguém para falar: ‘Faça isso, faça aquilo’. É claro que houve professores e colegas que falaram: ‘Você tem que fazer Física Nuclear. Vai para o Rio de Janeiro’. Mas como éramos uma família de poucos recursos, acabei ficando em Rio Preto para fazer Matemática”, conta. 

Matemático com toda certeza

O curso de Bacharelado em Matemática no IBILCE reunia naquele momento as aspirações do paulista, que sempre gostou de desafios. Por isso, ele não se arrepende da opção tomada ao fim da adolescência. “Um colega, certa vez, me perguntou exatamente isso: ‘O que você seria se não fosse matemático?’ Eu respondi: ‘Seria matemático!’”, reforça Messias, com bom humor. 

Durante a graduação, Messias conheceu vários colegas que, até hoje, exercem a carreira acadêmica na área. Entre eles, estava José Alberto Cuminato, com quem dividiu experiências inesquecíveis durante os quatro anos de faculdade. 

“Aprendi muita coisa e conheci pessoas maravilhosas. Junto com nosso querido Poti, o Professor José Alberto Cuminato, nós fomos os primeiros com bolsa de Iniciação Científica na UNESP. E, naquela época, estava em voga a Matemática Aplicada. E acabei indo para a área de Soluções de Equações Ordinárias voltada para Métodos Numéricos e o Poti para Otimização. Tivemos como orientadores os Professores Antonio Espada Filho e Sebastião Pereira Martins, que fizeram parte da SBMAC”, revela. 

Messias completou a graduação em Bacharelado de Matemática na UNESP em 1977 e, no ano seguinte, participou do famoso Primeiro Simpósio Nacional de Cálculo Numérico, em Belo Horizonte, onde seria criada a SBMAC. O ainda jovem paulista teve o gostinho especial de aparecer na lista inesquecível de sócios fundadores da Sociedade.

Com isso, sua carreira acadêmica decolou. De 1978 a 1981, fez o Mestrado em Matemática no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP), em São Carlos. Mas o período de pós-graduação foi estendido para a experiência no exterior. 

A célebre Universidade de Oxford, no Reino Unido, foi o local escolhido por Messias para seu segundo Mestrado, em Modelagem Matemática e Análise Numérica, concluído em 1983. Em seguida, veio o Doutorado em Análise Numérica finalizado quatro anos depois, que consolidou ainda mais sua linha de pesquisa na área. 

Contribuições com a SBMAC

Ao retornar ao Brasil, Messias acabou se consolidando em Presidente Prudente, na Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da UNESP. Hoje, ele é docente de graduação e pós-graduação na área de Matemática Aplicada. Antes disso, chegou a se formar também em Direito, em 1998, porém a Ciência foi, é e sempre será sua primeira opção. 

E desde o início da década de 1990, vieram as maiores contribuições de Messias na SBMAC. Entre 1991 e 1993, o matemático foi Secretário Geral na Diretoria da gestão de Julio Claeyssen e acompanhou, de perto, o colega Cuminato ascender à presidência da Sociedade em dois mandatos, de 2005 a 2009. 

As responsabilidades junto à SBMAC foram fundamentais para Messias também avançar em seus objetivos na UNESP, em Presidente Prudente. “Toda essa bagagem adquirida na Sociedade a gente acaba levando para nossa universidade. Com isso, fui diretor da FCT, fui chefe de departamento. Por isso que eu digo: ‘Quem quer fazer, faz’”, decreta. 

Ao longo de 45 anos de história, o paulista enxerga que a SBMAC alcançou um nível de solidez e respeito na área científica dentro do Brasil. 

“O crescimento, se a gente comparar com outras Sociedades, foi rápido e consistente. Hoje, a SBMAC é uma Sociedade sólida e pujante. Se a gente olha para trás, iniciamos com a revista TEMA, avançamos para uma revista internacional, a Computational & Applied Mathematics (COAM), tivemos as Notas de Aulas de Matemática Aplicada (NoMA), então é um crescimento que nos traz orgulho. Se você reparar nos congressos, há pessoas do Brasil todo. Isso tem reflexo fora do Brasil, com a participação de colegas de fora. Muitos dos nossos colegas da SBMAC são professores no exterior, então é uma integração muito relevante”, opina. 

Legado

Ao longo de sua trajetória como professor, Messias orientou mais de 40 alunos de Iniciação Científica. Em praticamente todos os casos, houve o incentivo aos estudantes em se associarem à SBMAC e contribuírem de maneira mais concreta no desenvolvimento da entidade. 

Para o futuro, ele deseja que as novas gerações de matemáticos deem continuidade com o legado herdado da vanguarda da SBMAC. 

“Vale a pena ter participado de tudo isso. A emoção é até difícil de descrever. Eu gostaria que tudo isso ficasse com os jovens, a nova geração de matemáticos, e dizer que temos orgulho de ter feito tudo isso. Além desse sentimento com a SBMAC, você tem esse sentimento com os colegas, com as pessoas que participaram, com essa troca, com as relações construídas ao longo da vida. Mesmo os embates e as lutas são fundamentais, pois são sempre construtivos. É uma coisa que vale a pena manter a todo custo”, encerra. 

Em 2023, Messias teve mais uma prova de realização com a Sociedade. Seu livro “Soluções Numéricas Aplicadas à Transferência de Calor com o Método SPH” foi publicado na série SBMAC SpringerBriefs, destinada a estudantes e pesquisadores nas áreas da Ciência da Computação, Matemática e Matemática Aplicada. 

A coleção, em parceria com a editora norte-americana Springer, tem por objetivo dar maior visibilidade à comunidade brasileira em todo o mundo com a publicação de textos de alta qualidade em Matemática Aplicada, Computacional e Industrial.

Confira o 23º episódio da série Memória SBMAC:

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